Por Erik Penna
Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 89% dos micros e pequenos negócios foram impactados e tiveram redução do faturamento em 2020, em comparação ao mesmo período de 2019 (1º quadrimestre do ano). Isso é preocupante, mas como um negócio pode se reinventar num momento tão conturbado e se preparar para o pós-pandemia?
Realmente o mercado está difícil e, muitas vezes, desmotivador. De toda forma, por mais complicado que seja o momento, é importante lembrar que se trata apenas de um período. O caminho pode estar penoso, mas não é eterno, é só um pedaço do trajeto.
A seguir, alguns passos que contribuem na reconstrução de resultados e comportamentos:
- Propósito: o primeiro passo na busca por reinventar o negócio é pensar qual o verdadeiro propósito dele. Por exemplo: um buffet não pode, por enquanto, realizar festas presenciais, mas é possível rever a missão e ofertar momentos felizes. Afinal, se os clientes não podem ir até o salão, o buffet pode propiciar uma festa na casa do cliente, levando brinquedos, infláveis, bolo, doces, salgados e criando uma festa virtual com convidados e monitores. Essa ideia é válida para inúmeros negócios, principalmente aqueles que ainda não descobriram outras formas de perpetuar a empresa.
- Dor: é preciso refletir sobre qual tem sido a nova dor do consumidor. Esse foi o caso de uma gráfica que vendia impressos e formulários e viu as vendas despencarem. A partir daí, o diretor percebeu que a venda de embalagens para delivery poderia resolver a dor de muitas empresas, que começavam a operar com entregas, e estavam em busca de embalagens para acondicionar produtos.
- Siga o dinheiro: pesquisar no Google Trends (ferramenta gratuita que permite acompanhar a evolução do número de buscas por uma determinada palavra-chave ao longo do tempo) as palavras mais buscadas, é outra dica. Assim, será possível descobrir o interesse desses possíveis compradores e para onde o dinheiro deles está indo.
- Marca: se mesmo com todas as ideias e iniciativas não for possível fazer venda, há chances de fazer marca. Cuidar da presença online da empresa, produzir posts criativos e divulgar ações na internet, são algumas ações inteligentes. É preciso se manter bem posicionado na cabeça do cliente.
- Qualificação: é importante treinar a equipe de forma on-line, aproveitar que agora existe tempo disponível para capacitar todo o pessoal para servir, atender um novo perfil de cliente com maestria e sem fricção, destacando o protagonismo que cada um pode exercer numa eventual economia de baixo contato que vem por aí.
- Clientes:
* Cauteloso: com a segurança, como medo e maior zelo com a saúde. Portanto, não basta ser, é preciso parecer, ou seja, mostrar e comunicar aos clientes internos e externos todas as medidas sanitárias adotadas;
* Conectado: muito bem informado e digitalizado pós-quarentena em casa, full time na internet;
* Decaído: pode-se preparar combos e ofertas para que, se o cliente chegar com menos dinheiro no bolso, seja possível fazer negócio com ele.
- Ansiedade: o momento é de muita ansiedade e a pergunta que se destaca é: "Quando tudo isso vai acabar?".
Segundo a OMS-Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. E com a pandemia, essa ansiedade aumentou. Inclusive, um estudo recente da UERJ-Universidade Estadual do Rio de Janeiro apontou que os casos de depressão dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80% nesse período de coronavírus.
É viável afirmar que ansiedade é na verdade um excesso de futuro, uma preocupação extrema com o que está por vir. Assim, o indivíduo deixa de aproveitar o momento, não identifica a alegria do hoje, não percebe a paixão que precisa ter pelo agora.
Não se sabe exatamente quando a pandemia irá terminar. Mas é possível minimizar a ansiedade e melhorar o dia mudando o foco e a pergunta para: "O que se pode fazer de melhor hoje?".
Então, menos ansiedade, mais alegria e paixão pelo hoje!
Erik Penna é especialista em vendas, autor de 6 livros, palestrante de vendas e empreendedorismo, e já apresentou mais de 1000 palestras no Brasil e no exterior.
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